Como é que os edifícios podem combater o calor?

By Susanna Farnés
June 20, 2019

Como os edifícios de alto consumo contribuem para as emissões globais e a sua capacidade de lidar com as elevadas temperaturas do verão.

A forma como os edifícios de alto consumo contribuem para as emissões globais e a sua capacidade de lidar com as elevadas temperaturas do verão está a tornar-se um dos temas mais importantes para um mundo em que, cada vez mais, se sente períodos de alterações climáticas extremas e que precisa de avaliar o seu impacto a longo prazo nas alterações climáticas. 

2018 foi o quarto ano mais quente anteriormente registado em França, Alemanha e Suíça, passando pelos anos mais quentes da sua história. No ano passado, 430 estações meteorológicas de todo o mundo registaram máximos históricos. Austrália começou 2019 com o Janeiro mais quente da sua história, com temperaturas de 49,5ºC que causaram secas, incêndios florestais e hospitalizações.

O clima, as emissões e os edifícios

Estas temperaturas dramáticas, inevitavelmente, têm um impacto significativo no uso da energia e nas emissões dos edifícios, de acordo com a Agência Internacional da Energia (AIE).

As condições climáticas, em 2018, foram responsáveis pelo aumento mundial do consumo de energia em uma quinta parte. As temperaturas médias do inverno e do verão, em algumas regiões, aproximaram-se ou ultrapassaram recordes históricos... As temperaturas do verão, significativamente mais altas, aumentaram a procura por dispositivos de ar condicionado.
Realça a agência

O consumo global de energia subiu 2.3% em 2018 (o dobro da taxa média de crescimento em 2010) e as emissões de CO2 aumentaram 1,7%. "O setor da construção representou 28% das emissões anuais, dois terços do uso de eletricidade em rápido crescimento", afirma a AIE. 

Em algumas partes do mundo, a imagem é mais deprimente. Por exemplo, os edifícios são responsáveis por 36% das emissões e por 40% do consumo energético na Europa.

Redução do carbono com eficiência energética

Então, o que fazemos relativamente a isto?

Em primeiro lugar, temos que demonstrar aos responsáveis políticos que, ao fazer com que os nossos edifícios sejam mais eficientes energeticamente, podemos reduzir o uso e as emissões globais de energia. Em segundo lugar, precisamos de edifícios mais resistentes que realmente ofereçam estas reduções num ambiente que está a passar por mudanças mais rápidas e significativas.

Sîan Hughes, o nosso Diretor de Assuntos Exteriores, disse:”Na Knauf Insulation temos realizado campanhas, durante muito tempo, para colocar os edifícios de uso de energia quase nulos (nZEB) no centro das agendas políticas e temos pedido constantemente iniciativas ambiciosas de renovação de edifícios, que servem para poupar energia e parar as emissões que alteram o clima”.

"Na Europa, assumiu-se o compromisso de descarbonizar as habitações até 2050, apoiado por medidas legislativas como a Diretiva sobre o rendimento energético dos edifícios (The Energy performance of buildings directive-EPBD), que exige que os novos edifícios sejam de energia quase nula. Nesta alínea, exige políticas de renovação mais ambiciosas para os países membros.

Consegue imaginar o impacto que esta ação legislativa poderia ter quando dois terços do mundo não tem políticas relacionadas com a eficiência energética?

Nas palavras de Fatih Birol, Diretor Executivo da AIE, "as políticas de eficiência adequadas poderiam permitir que o mundo reduzisse 40% das emissões necessárias para alcançar os seus objetivos climáticos sem novas tecnologias”.

Tornar os edifícios mais resistentes a um clima mais quente.

É claro que as políticas de eficiência energética para edifícios são inúteis se não for garantido que os edifícios poupem energia e reduzam as emissões de carbono prometidas.

Na Knauf Insulation trabalhamos para que estas promessas sejam uma realidade. Ajudamos os instaladores a aplicar as nossas soluções da forma mais eficaz possível através dos nossos Centros de Experiência, construímos edifícios com o objetivo de melhorar ainda mais a nossa investigação e desenvolvimento e estudamos novas formas de fazer com que os edifícios sejam mais resistentes, examinando o impacto dos materiais, do design e da construção que podem reduzir drasticamente o desempenho do edifício. Uma área de interesse é o papel positivo que um tecido energeticamente eficiente pode desempenhar na gestão do sobreaquecimento no verão e da redução da necessidade de refrigeração mecânica. 

Temos que aceitar que o clima está a mudar a um ritmo mais rápido do que o que vimos anteriormente e uma alta percentagem de edifícios já estão a sobreaquecer no verão, especialmente nas cidades com uma rápida expansão.
Ross Holleron, Chefe de Investigação de Edifícios da Knauf Energy Solutions

O impacto devastador do sobreaquecimento dos edifícios 

"Cada vez mais se estão a construir ou reformar casas, escritórios ou edifícios públicos para manter a energia térmica no inverno. Por outro lado, é dada pouca atenção a como se comportam estes mesmos edifícios durante os períodos mais quentes do verão. Sem o uso inteligente de massa térmica, sombreamento e estratégias de ventilação noturna, estas construções podem sofrer sobreaquecimento. Os impactos negativos indesejados podem ir desde doenças relacionadas com o calor até ao custo económico da perda de produtividade".

Para resolver estes problemas, os nossos investigadores estão a explorar a adoção de uma nova abordagem nos sistemas para o design de edifícios que poderiam evitar estes resultados negativos. Por exemplo, estamos a analisar o impacto do comportamento humano, como os edifícios interagem com o seu ambiente e como a envolvente de um edifício pode ser melhorada para funcionar melhor.

"Os nossos edifícios não estão atualizados com a rápida mudança do clima e dados demográficos, pelo que precisamos de torná-los mais adaptáveis e resistentes", afirma Ross. "Para isso devemos analisar a interação entre todos os aspetos de um edifício, desde o design e especificações até à construção e operação, para maximizar o seu valor futuro. É um trabalho vital que se está a tornar cada vez mais importante, à medida que a indústria da construção enfrenta desafios cada vez mais complexos".